domingo, 27 de abril de 2014

Fisioterapia Angiológica


Como todas as patologias humanas, a Cirurgia Vascular e a Angiologia também se apoiam muito na fisioterapia, para melhorar seus resultados. Nas DOENÇAS ARTERIAIS, onde falta a circulação, mais comuns na 3ª idade, a fisioterapia orientada permite que um grande grupo de pessoas fique livre das cirurgias de revascularização, como por exemplo, arterioplastias , colocações de stents e pontes de safena. Estudos estatísticos nos informam que, com uma orientação adequada quanto a exercícios e alimentação, apenas 1.3% dos pacientes com má circulação irão precisar de uma cirurgia de revascularização! Temos que acrescentar aqui que o paciente deverá entrar num processo bem disciplinado quanto a exercícios, abandono do cigarro e alimentação adequada para obter estes resultados. O tratamento consiste basicamente em incentivar o paciente a fazer caminhadas quatro vezes ao dia, em distâncias progressivas, até chegar ao ponto de máximo cansaço muscular. Isto dispara o gatilho de formação de novos vasos, de tal forma que as distâncias toleradas vão aumentando até chegar ao ponto de a pessoa ficar sem sintomas! Dá para imaginar o benefício que é ficar livre de uma cirurgia de grande porte, cujo resultado é sempre incerto! Nas DOENÇAS DOS VASOS LINFÁTICOS, OS LINFEDEMAS, que podem chegar ao termo popular de ELEFANTÍASE quando são muito grandes, temos a fisioterapia, na maioria das vezes como única terapia principal a ser adotada. A patologia mais comum tem sido a sequela de mastectomia, radioterapia e pós-erisipelas. A DRENAGEM LINFÁTICA exerce um efeito controlador nestes casos, que permite uma vida mais confortável. O uso de diuréticos é um auxílio que também ajuda bastante nestes casos. O termo elefantíase está associado à infecção pela filária wuchereria bancrofti, endêmica nos estados da Amazônia. Aqui também após o tratamento da filariose, a drenagem linfática se impõe para grande alívio dos pacientes.


Nas DOENÇAS VENOSAS, a fisioterapia entra nos casos graves, apoiando o tratamento cirúrgico ou clínico. O movimento de dorsiflexão do Pé, funciona como uma bomba para empurrar o sangue esvaziando a perna, reduzindo a pressão venosa, e assim evitando os edemas e lesões de pele (úlceras varicosas). A fisioterapia para manter as articulações se movimentando de forma adequada, associada a uma drenagem linfática para reduzir o edema, são auxílios importantes para alcançar bons resultados. Não podemos esquecer a perda de peso nos casos onde a obesidade existe. Fui muito focado neste artigo ao território de minha especialidade, mas um corpo ágil, sem restrições de movimentos responderá a um tratamento respiratório, cardiológico, ortopédico, e neurológico de forma mais pronta, e a FISIOTERAPIA funciona como um facilitador em todas estas áreas.



Texto da revista 'Saúde Ativa', escrita pelo Dr. Flávio Soares de Camargo - Angiologista e Cirurgião Vascular -  Formado pela FMUSP com especialização em cirurgia vascular no HCFMUSP

Algumas patologias tratadas pela fisioterapia

Condromalácia Patelar


O que é a condromalácia patelar?


Condromalácia patelar ou Condromalácia Patelofemoral, é a primeira etapa de um processo degenerativo que atinge a cartilagem da patela.

Esta patologia é classificada em quatro níveis distintos, de acordo com Outebridge (1961):

Grau I: amolecimento da cartilagem e edemas.
Grau II: fragmentação da cartilagem ou rachaduras com diâmetro inferior a 1,3 cm de diâmetro.
Grau III: fragmentação ou rachaduras com diâmetro superior a 1,3 cm de diâmetro.
Grau IV: erosão ou perda total da cartilagem da articulação em questão, com exposição do osso subcondral.


Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico mais detalhado é feito, normalmente, através de um exame de Ressonância Magnética e em vários casos é recomendado o uso de anti-inflamatórios, fisioterapia e até mesmo cirurgia (casos mais graves). Sendo a Condromalácia uma condição que afeta a cartilagem rotuliana é aconselhado um suplemento alimentar ou medicamento que tenha Glucosamina e Condroitina, não deve ser apenas um dos componentes mas ambos. A Glucosamina lubrifica toda a articulação e a Condroitina, sendo a substância componente dos Condrócitos (células presentes no tecido das cartilagens articulares) ajudará à regeneração da zona lesada. O tratamento deverá ser prolongado com indicação médica ou do Fisioterapeuta pelo um período superior ao do fim das queixas.
Caso se trate de doença crônica, o tratamento baseia-se apenas na redução da dor. Não há um protocolo rígido de indicação de tratamento. É necessário estudar a forma mais eficaz para cada paciente de acordo com o grau da lesão adquirida, e que, principalmente, não cause dor.
O fortalecimento do quadríceps é primordial, e é preciso também recuperar a potência do membro inferior, executando exercícios com um grau de dificuldade progressiva, evitando uma sobrecarga na articulação fêmoro-patelar.


A condromalácia tem cura?

A condromalácia é, a princípio, reversível. Ou seja, se você tem condromalácia (1º grau apenas) e se mantiver protegido dos estresses que se impõem na cartilagem, ela pode voltar à normalidade, ou seja, você pode deixar de ter a condromalácia. Porém, se você tiver um grau de degeneração maior que o 1º, a regeneração da cartilagem ocorre numa pequena parte das pessoas e é muito pequena.
Porque não há circulação na cartilagem, para que possa haver processo de cicatrização.


Arrume sua pisada




Use um calçado que corrija sua pisada, desta forma, irá dar agilidade ao tratamento!

As marcas de calçados mais procurados para esta patologia, são os da Mizzuno http://www.loja.mizunobr.com.br/?gclid=CIH984fVgb4CFenm7AodGGYAFg e da Asics http://www.asics.com.br/ . Se atentem ao modelo especifico para o tipo de sua pisada na descrição do tênis no site, não se esqueçam de darem preferencia pela busca deles, em sites oficiais das marcas, pois há muita informação colocada de forma errada, em alguns sites de revenda. Supinada e Subpronada tem o mesmo significado, em algumas descrições, podem variar entre estes dois termos. Duas dicas de linhas de tênis da Mizzuno que atendem às pessoas com a pisada supinada ou subpronada, que geralmente é a minoria nesta patologia, são as linhas;

- Wave Creation e Wave Prophecy;

Para pessoas com a pisada pronada, tem uma variada linha de tênis a sua disposição. Não se esqueçam de confirmar em suas descrições antes de compra-los.

Recomendações


- Excluir exercícios e esportes de alto impacto (futebol, vôlei, basquete, corrida, ciclismo) ou atividades suspeitas de causarem a lesão. Natação é um bom exercício para manter o condicionamento físico sem afetar o joelho.
- Reforçar os músculos fracos, fazendo exercícios leves e de baixo impacto. É especialmente importante reforçar o músculo vasto medial para equilibrar as forças atuantes sobre a patela - fazendo extensão de cada perna separadamente, por exemplo.
- É importante avaliar o limite de extensão e flexão do joelho durante os exercícios, para não agravar o quadro. Peça ao profissional para demonstrar. Evite a sobrecarga.
- Alongar quadríceps, banda iliotibial (lateral), posterior da coxa, tendões e panturrilha regularmente. Não esquecer de alongar bem antes e depois dos exercícios.
- Colocar gelo no joelho após os exercícios.
- Evitar subir e descer escadas.
- Garantir lugar suficiente para a perna no carro ou no seu lugar de trabalho, evitando manter o joelho flexionado mais de 90 graus por muito tempo.
- Manter boa postura e evitar cruzar as pernas por longos períodos.
- Não sentar sobre as pernas com o joelho em hiperflexão.
- Quando estiver deitado, não deixar o peso do corpo pressionar ou mover a patela, usando um travesseiro para manter os joelhos levemente separados e as patelas no lugar.
- Usar sapatos confortáveis, principalmente durante os exercícios.
- Evitar aplicar peso excessivo na articulação afetada, perdendo peso se necessário.
- É imprescindível fazer uma avaliação com um reumatologista, um fisiatra, um ortopedista, e depois um fisioterapeuta, para receber o diagnóstico preciso e o tratamento correto. Jamais faça exercícios em academias sem a assistência de um professor de educação física. As orientações dadas aqui podem ser excluídas com o tempo.




PRANDO, T.G. - Condromalácia patelar: uma intervenção do educador físico
MACHADO, F. A. e AMORIM, A. A. - Condromalácia patelar: aspectos estruturais, moleculares, morfológicos e biomecânicos








sexta-feira, 11 de abril de 2014

Tirando Suas Dúvidas

GEL CONDUTOR PARA EXAMES


Gel universal desenvolvido para uso como meio de contato em exames de ultra-sonografia, ecocardiograma, eletrocardiograma, fisioterapia, massagens e aplicações de TENS e FES. Produto não gorduroso, hidrossolúvel, hipoalergênico, umectante e não abrasivo.


ESTE GEL NÃO TEM FUNCIONALIDADE TERAPÊUTICA, NO SENTIDO DE ANALGESIA, ANTI-INFLAMATÓRIO, OU QUALQUER OUTRA FUNCIONALIDADE MEDICAMENTOSA.

Características:

- pH neutro, o que torna o gel inofensivo à pele do paciente;
- Ótima consistência, facilitando o exame e evitando desperdício;
- Fabricado com matérias primas de grau farmacêutico;
- Não danifica os transdutores;
- Produto Inodoro, hidrossolúvel e por ser à base de água facilita a absorção por guardanapos de papel, algodão ou qualquer outro tecido, favorecendo sua remoção após o exame.



Aparelhos e Equipamentos que Auxiliam Alguns Tratamentos Fisioterápicos

Estimulação Elétrica Funcional (FES)


A técnica FES tem como base a produção da contração através da estimulação elétrica, que despolariza o motoneurônio, produzindo uma resposta sincrônica em todas as unidades motoras do músculo. Este sincronismo promove uma contração eficiente, mas é necessário treinamento específico, a fim de evitar a fadiga precoce que impediria a utilização funcional do método com o objetivo reabilitacionais.
FES é, portanto, uma corrente excito motora de baixa freqüência (10 a 1000 Hz), despolarizada, com pulsos quadráticos bifásicos, que visa promover uma contração muscular. Amplamente utilizado quando a meta do tratamento é favorecer ou produzir movimento funcional. Além disso, é utilizado para manutenção do trofismo muscular em pacientes com déficit de força, quando não é possível a realização de movimentos cinesioterápicos.

CONTRAÇÃO VOLUNTÁRIA 

· Trabalha predominantemente fibras lentas (tipo I)

· Recrutamento assincrônico

· Treinamento leva a efeitos sistêmicos

· Fadiga ocorre após maior tempo

CONTRAÇÃO ATRAVÉS DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA

· Trabalha predominantemente fibras rápidas (tipo II), devido à sua disposição periférica

· Recrutamento sincrônico

· Pouco ou nenhum efeito sistêmico secundário

· Fadiga se instala mais rapidamente


Efeitos

- Metabolismo celular

- Aumento de oxigenação

- Liberação de metabólitos

- Dilatação arterial

- Irrigação sanguínea no músculo

- Reposta do tudo ou nada, ou seja, o estimulo desencadeado tem que ser suficiente para atingir o limiar do motoneurônio, despolarizando-o.

Eletrodos

Tipos: Silicone-carbono e Auto-adesivos. 
Importante: os eletrodos devem ter como meio de acoplamento GEL hidrossolúvel


Posicionamento: Técnica coplanar ou contraplanar

Colocação dos eletrodos

- Sobre ou ao redor da área dolorosa

- Sobre os dermátomos que correspondem à área doloroso

- Próximo à medula que inerva área dolorosa

- Sobre nervos periféricos que inervam a área dolorosa

- Sobre estruturas vasculares superficiais

- Sobre pontos motores

Modos de pulso

· Normal: emissão de pulsos elétricos no modo convencional

· Burst: emissão de pulsos em forma de pacotes ou trens de pulso; para manter o trofismo e pode também ajudar na analgesia

· Seqüencial: emissão de pulsos elétricos de modo variando entre canais 1,2,3,4 ; usado para trabalhar vários movimentos em músculos diferentes

Parâmetros ideais

· Frequência: 50 a 100Hz

· Largura de pulso: 200 a 500 microsegundos

· Amplitude do pulso: suficiente para causar contração muscular, ideal no limite da dor

Nas primeiras sessões deve-se adotar um período relativamente longo de repouso entre as estimulações (relação de tempo ON / tempo OFF = de 1:5 até 1:3), afim de assegurar a capacidade do músculo de continuar a responder, evitando assim fadiga precoce. Com o passar das sessões o tempo de repouso deve ser reduzido progressivamente (relação 1:2 até 1:1).
A intensidade da corrente é um parâmetro que deve ser constantemente alterado, tanto intra quanto inter-sessões. Esta necessidade é justificada pela acomodação ao estimulo elétrico bem como pelas alterações desencadeadas no decorrer das sessões.
O sucesso dos programas de estimulação elétrica depende amplamente dos parâmetros da corrente. Para utilizá-la de forma mais efetiva, o terapeuta precisa dominar todos os parâmetros e saber quando e como regulá-los, para torná-los mais convenientes á um programa de tratamento particular de um determinado paciente.

Indicações

· Reabilitação muscular

· Prevenção de atrofia (imobilização)

· Hipotrofia, contraturas

· Paralisia cerebral

· Pacientes paraplégicos

· Pacientes com lesão medular incompleta

Contra-indicações

· Usuários de marcapasso cardíaco

· Cardiopatas

· Utilização sobre vasos sanguíneos trombóticos ou embolíticos

· Vasos vulneráveis à hemorragia

· Área abdominal de gestantes

· Sobre seios carotídeos

· Alterações de sensibilidade sem estratégias seguras

· Indivíduos com dermatite e sobre pele danificada

· Tecidos neoplásicos

· Estado febril

· Infecções em geral

· Dor não-diagnosticada (a menos que seja recomendada por profissional)

Orientações
Elevar aos poucos a intensidade da corrente nas primeiras sessões
Eletrodo ativo posicionado sobre o ponto motor ou ventre muscular do músculo a ser estimulado
Usar correntes despolarizadas para estimulação mioeletrica da face
Realizar estimulação elétrica de forma modulada para evitar fadiga
Na obesidade, limiar de excitabilidade é alto
Pacientes com neuropatias periféricas devem ser melhor monitorados
Intensidade adequada contribui para hipertrofia e aumento de potencia de músculo debilitado
Antes do tratamento, a pele deve ser lavada com água e sabão ou limpa com lenço umedecido com álcool.

Dúvidas: Perguntas e Respostas

- Pergunta (diogocarvalhedo@ibest.com.br): Ao estimularmos o ponto motor de um músculo com o FES, há contração seguida de relaxamento, este ocorre de forma rápida ou lenta?

-Resposta (https://plus.google.com/100226765799037348073/posts): Com repouso de 3 a 5 vezes o tempo de duração da contração (ex.: 4 segundos e repousa 12 a 20 segundo) o ritmo permitirá ao músculo se relaxar, ao evitar a fadiga. Fibras tipo II saturam rápido, e esse cuidado vai definir a qualidade dos resultados ao usar correntes para estimular a motricidade, ou seja, fazendo uso dos músculos.

- Complemento (http://consultoriodereabilitacao.blogspot.com.br): Se usar frequência mais baixa (20hz) o fibra estimulada será a do tipo I (lenta e aeróbica), o músculo não irá fadigar, assim pode-se diminuir o tempo off e aumentar o tempo de aplicação de sua terapia.



Fonte: Alunos: Lívia e Mateus da UFVJM http://rtufvjm.blogspot.com.br/



Referências:

Titulo: GUIRRO,E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional, fundamentos, recursos e patologias. Capitulo 6 – Eletroterapias

Titulo: KITCHEN, S.; BAZIN, S. Eletroterapia prática baseada em evidência. Capitulo 15 – Estimulação elétrica neuromuscular e muscular

domingo, 6 de abril de 2014

Fisioterapia Neurológica


A Fisioterapia Neurológica, ou também conhecida como Neurofuncional, induz ações terapêuticas para recuperação de funções, entre elas a coordenação motora, a força, o equilíbrio e a coordenação. Fisioterapia neurofuncional é uma das áreas de atuação da fisioterapia que objetiva o estudo, diagnóstico e tratamento de distúrbios neurológicos que envolvem as funções neuromotoras, atuando nas sequelas resultantes de danos ao Sistema Nervoso.
A Fisioterapia Neurofuncional é bastante difundida em nosso meio e surgiu no fim da década de 40 com alguns pesquisadores como Rood, Kabat e Knott, Brunnstrom e Bobath. Atua com base nos conceitos neurofisiológicos obtidos após condutas bem sucedidas e pesquisas intensas, direcionando-se o tratamento para a recuperação funcional mais rápida possível para o paciente, seja ele pediátrico, adulto ou geriátrico. Hoje, com modernas técnicas, aprimoramento constante dos profissionais, cursos de aperfeiçoamento, essa área da fisioterapia obtém grandes resultados.
A fisioterapia neurofuncional hospitalar também compartilha desse aprimoramento e pode minimizar as disfunções de doenças que acometem o sistema nervoso como: Traumatismo Craniano, Esclerose Múltipla, Acidente Vascular Encefálico, dentre outras.
A reabilitação tem como objetivo restaurar a identidade pessoal e social dos pacientes que sofreram lesões no córtex, tronco cerebral, medula espinhal, nervo periférico, junção neuromuscular e no músculo, buscando o bem estar físico e emocional do indivíduo.

O tratamento é globalizado e tem como objetivos principais:

Prevenir deformidades, orientar a família e o paciente seja ele adulto ou criança,
Normalizar o tônus postural,
Melhorar habilidades cognitivas e de memória,
Ortostase precoce com uso do lift ortostático,
Reintegrar o paciente a sociedade,
Diminuir padrões patológicos,
Prevenir instalação de doenças pulmonares ou qualquer outra intercorrência,
Manter ou aumentar a amplitude de movimento,
Reduzir a espasticidade,
Estimular as atividades de vida diária, a alimentação, o retreinamento da bexiga e intestinos, a exploração vocacional e de lazer;
Otimizar a qualidade de vida do paciente.

Esses danos acometem crianças acima de dois anos e adultos com diferentes complexidades e distribuições corporais tais como: 

- hemiplegias: um lado do corpo paralisado em sentido vertical - esquerdo ou direito;
- paraplegias: um lado do corpo paralisado em sentido horizontal – superior ou inferior;
- cerebelopatias: doenças cerebelares;
- disfunções vestibulares: o sistema vestibular é responsável pelo equilíbrio do corpo e é localizado no ouvido. O distúrbio vestibular mais conhecido é a labirintite;
- parkinsonismo: mal de parkinson;
- polineuropatias: ocorre quando muitos nervos periféricos por todo o corpo começam a não funcionar corretamente ao mesmo tempo;
- miopatias: doenças musculares;
- doenças do neurônio motor - neurônio responsável pelo movimento;
- pacientes com Acidente Vascular Encefálico (A.V.E), com Traumatismos Cranianos (T.C.E). Vale ressaltar que, o TCE abrange desde um pequeno choque contra a parede até uma lesão por projétil de arma de fogo, por exemplo, pacientes com traumas raquimedulares (T.R.M ou Traumatismo Raquimedular, que aparecem com maior frequência em locais onde se pratica o mergulho - salto - e nos acidentes automobilísticos; portadores de paralisia cerebral, portadores de paralisias faciais, dentre outros. 


Diversas são as patologias neurológicas que podem ser tratadas pela fisioterapia. Dentre elas, discorreremos sobre as mais comuns:

Hemiplegia

Ocorre geralmente após um acidente vascular encefálico, onde o individuo geralmente fica com um lado do corpo paralisado.
A reabilitação na hemiplegia é iniciada logo após o acidente vascular para fazer com que o paciente saia da cama e consiga realizar suas atividades mais independentemente possível.
A participação ativa do paciente é fundamental com o fisioterapeuta, para que ele possa aprender a controlar sua musculatura e movimentos anormais.

Doença de Parkinson

O paciente apresenta: tremor, bradicinesia (lentidão dos movimentos), rigidez , alterações posturais e quedas freqüentes.
O principal objetivo nesta patologia é trabalhar alongamento para melhorar amplitude do movimento, alinhar e melhorar a postura, treinar a marcha (com oscilação dos membros superiores), estimular reações de equilíbrio, treinar sentar e levantar de cadeiras, extensão e rotação do tronco. Os exercícios específicos e regulares são de fundamental importância para manter o paciente forte, flexível e funcional.

Polineuropatia

Refere-se aos obstáculos em que os nervos periféricos são afetados por um ou mais processos patológicos, levando-os á incapacidade motora.
Na polineuropatia iniciaremos com cuidados respiratórios, controle de dor, fortalecimento muscular, treino de equilíbrio e adaptações às possíveis incapacidades do paciente.

Traumatismo Craniano

Depois de algum trauma, o cérebro quando lesado pode levar o paciente ao coma, déficits físicos e incapacidade.
A prevenção de contraturas, a manutenção da função respiratória, a diminuição da elasticidade, a melhora da amplitude de movimento, a normalização de movimento e do tônus postural e o reforço das habilidades remanescentes serão as prioridades neste caso.
Vale acrescentar que os métodos de fisioterapia são cada vez mais valorizados pelos pacientes e por profissionais de saúde em geral. É comum que o fisioterapeuta selecione técnicas específicas de diversos métodos de tratamento aplicando-as de acordo com as necessidades de seus pacientes.
Também se observa um enorme grau de liberdade criativa baseado nos conceitos gerais de cada método e na competência e profissionalismo de cada fisioterapeuta.
Considerando-se que, seja qual for o método, o objetivo geral é promover o aprendizado ou reaprendizado motor desenvolvendo nos pacientes a capacidade de executar atividades motoras o mais próximo possível do normal.


As síndromes resultantes dos danos ao sistema nervoso diferem entre si dependendo da região atingida. 
As disfunções motoras e sensoriais decorrentes de dano neurológico interferem no desempenho de atividades da vida diária, laborais e de lazer impedindo que o indivíduo realize movimentos ou tenha sensibilidade de acordo com o tipo de trauma ou lesão.
A fisioterapia neurofuncional induz ações terapêuticas para recuperação de funções, entre elas a coordenação motora, a força, o equilíbrio e a coordenação. Através de estímulos, por exemplo, estímulos físicos como tapping com gelo, diferentes texturas – superficie crespa, tecidos, gaze entre outras superfícies – estímulos elétricos através da terapia por correntes, etc.)
A fisioterapia neurofuncional aos poucos irá recapacitar a função de forma total ou parcial, respeitando sempre a fisiologia da lesão e o paciente.



Algumas patologias tratadas pela fisioterapia

Radiculopatia Cervical (RC)


A radiculopatia cervical (RC) é um processo patológico que envolve raízes nervosas cervicais, sendo resultado da compressão e inflamação de uma ou mais raízes cervicais nas adjacências dos forames intervertebrais. Os sintomas primários mais relatados nesta afecção são os de dor no membro superior, parestesia e fraqueza no miótomo separada por septos mioméricos afetado, que geralmente resultam em significantes limitações funcionais e deficiências. A dor radicular braquial,com ou sem parestesia, chega a ser relatada em 80% a 100%dos casos. 
As metas para o seu tratamento vislumbram eliminar os sintomas,por meio de métodos que visam reduzir a dor, restaurara força muscular e amplitude de movimento, os quais usualmente podem se apresentar como tratamentos conservadores. Em vista do potencial comprometimento funcional oferecido pelas RC, o presente trabalho tem por objetivo revisar desde a etiologia às formas terapêuticas empregadas no tratamento conservador desta patologia.

Etiologia

A RC é uma patologia que frequentemente não possui origem traumática, ocorrendo de forma espontânea na maioria dos casos. Relata-se que um histórico de esforço físico ou trauma ocorre apenas em 14,8% dos casos. As causas mais comum entre relacionadas a tal patologia são a herniação do disco cervical e espondilose cervical. As causas menos comuns de RC incluem: complicações cirúrgicas, tumores intra ou extra espinhais, avulsão traumática de raiz nervosa, cistos sinoviais, cistos meníngeos,fístula arteriovenosa dural, sarcoidose, arterites, esforço físico,compressão ganglionar, linfoma não Hodgkin, tortuosidade ou formação de alça na artéria vertebral, podendo ainda ocorrer sem causa identificável.

Quadro Clínico

A dor é o sintoma mais característico desta patologia em seu estado agudo, todavia, esta característica diminui à medida que a condição torna-se crônica. Os sintomas sensoriais, predominantemente parestesia (são sensações cutâneas subjetivas ex.; frio, calor, formigamento, pressão etc... - que são vivenciadas espontaneamente na ausência de estimulação. Podem ocorrer caso algum nervo sensorial seja afetado, seja por contato ou pelo rompimento das terminações nervosas), são mais comuns que os sintomas motores e hiporreflexia profunda. A dor radicular pode ser acentuada por manobras que ocasionam tração da raiz nervosa envolvida, tal como tosse, espirro, manobra de Valsalva ou certos movimentos e posicionamentos cervicais. Segundo a lei de Cannon, as RC poderiam causar o fenômeno de "hiperalgesia miálgica" ou "supersensibilidade à denervação" nos músculos inervados pelos axônios comprometidos. Letchuman et al (2005) sugerem que a tensão muscular ipsilateral à RC pode ser resultado de um destes fenômenos.
A fisioterapia pode aumentar a força da extremidade superior afetada, sua destreza, coordenação, melhorar as atividades devida diária, aumentar a amplitude de movimento da articulação do ombro e diminuir espasmos musculares cervicais. Além disso, benefícios clínicos importantes relativos à redução da dor e aumento da função têm sido reportados em pacientes portadores de patologia cervical crônica.



As opções terapêuticas da fisioterapia atuam como procedimentos complementares na redução de quadros álgicos e alterações osteomioneuroarticulares. Diversos recursos fisioterapêuticos têm sido avaliados, através da associação entre modalidades como: tração cervical, cinesioterapia, aplicação de calor superficial e profundo, crioterapia, educação ergonômica, terapia para ganho de amplitude de movimento, condicionamento geral, mobilização e manipulação, estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) e massoterapia.

Manipulação e Mobilização da Coluna Vertebral

Alguns autores preconizam uma diminuição imediata da dor oriunda de RC, em virtude da utilização de manipulação e mobilização da coluna vertebral. Dados da literatura referem tal terapêutica como sendo um método de grande valia a ser empregado previamente ao tratamento invasivo das RC. Esta técnica demonstra-se bastante proveitosa uma vez que determina resultados terapêuticos efetivos, poucos riscos de complicação,e não apresenta efeitos colaterais tai quais os da terapia medicamentosa e cirúrgica. Segundo Pikula (1999), a manipulação vertebral na coluna cervical além de diminuir,de forma imediata, a dor aumenta a amplitude de movimento das articulações comprometidas. Notoriamente, pacientes come sem compressão de raiz nervosa secundária à herniação do disco cervical respondem bem a esta forma de tratamento.

Tração Cervical

Alguns dos efeitos fisiológicos da tração cervical incluem a estimulação dos receptores teciduais de alongamento e mecanorreceptores que proporcionam o alívio da dor e redução do tônus muscular, descompressão de estruturas articulares, vasculares e do tecido nervoso. Diversos estudos relatam que a tração mecânica da coluna cervical resulta em um aumento dos espaços intervertebrais e relaxamento de estruturas musculares. Joghataei etal (2004) evidenciaram que a tração cervical mecânica reduzo déficit de preensão palmar em indivíduos portadores de RC. Por sua vez, Constanto Yannis et al (2005) demonstraram por meio da aplicação desta mesma terapêutica, em pacientes portadores de RC decorrente de hérnia discal, uma melhora dos sintomas e diminuição da herniação do disco intervertebral.

Em um estudo ainda mais recente deduziu-se que a tração mecânica manual, em indivíduos assintomáticos, é capaz de gerar um aumento estatisticamente significativo no comprimento da coluna cervical. Todavia, Young et al. (2009) demonstram que a tração mecânica cervical em adição a um tratamento multimodal de terapias manuais e exercícios não apresenta rendimentos adicionais ao alivio da dor, ganho funcional ou redução das deficiências em portadores de RC. Portanto, a literatura ainda carece de evidências convincentes quanto aos efeitos positivos possivelmente gerados pela utilização desta modalidade em casos agudos ou crônicos.

Termoterapia

A termoterapia por adição de calor poderia ser um recurso recomendável ao tratamento das RC, uma vez que a mesma tende a aumentar a circulação local, relaxar os músculos acometidos e diminuir a tensão muscular provocada por tal patologia. Todavia, a literatura refere, que tal modalidade terapêutica não gera benefícios significativos ao controle da dor. A crioterapia pode ser utilizada para tratar pontos de tensão muscular, contudo, no caso das RC que apresentam pontos de tensão no membro superior, o tratamento deve ser direcionado à região cervical e não à área aparentemente afetada.

Ultra-Som Terapêutico e Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea(TENS)

Quanto à utilização destes métodos, alguns estudos consideram que tais métodos de tratamento não demonstram benefícios ao manejo das RC. A terapia por campo eletromagnético pulsado demonstra ser um recurso de grande valia neste tipo de afecção uma vez que a mesma demonstrou redução significativa da dor e ganho na amplitude de movimento cervical.

Cinesioterapia

O fortalecimento da musculatura flexora cervical profunda parece ser uma boa opção ao manejo cinesioterapêutico desta patologia. Orientações posturais, apesar dos benefícios relacionados à melhoria da mecânica corporal, são necessárias evidências mais concretas quanto aos resultados da educação postural no tratamento das RC.

Acupuntura

Um recente estudo demonstra que a acupuntura é uma modalidade terapêutica valorosa no tratamento da dor causada por espondilose cervical. Por sua vez, a eletro acupuntura demonstrou-se uma opção satisfatória no tratamento de dores cervicais crônicas. Todavia, um estudo de revisão prévio conduzido por White e Ernst (1999) denotou efeitos positivos e negativos da acupuntura de forma equilibrada, quando a mesma era utilizada para o tratamento da dor cervical. Outra revisão da literatura refere que a acupuntura exerceu um efeito negativo ou não apresentou efeitos na abordagem das dores cervicais.

Portanto, esta técnica não traz benefícios suficientemente respaldados para que seja empregada no tratamento de patologias que gerem dores cervicais, sendo necessárias mais investigações para suportar sua empregabilidade. Uso do colar cervical. Considerando os efeitos adversos provocados pela imobilização prolongada nos tecidos e o fato de que o uso do colar cervical é uma intervenção inteiramente passiva, seu uso apropriado deve ser o de adjuvante para propósitos paliativos e não como tratamento primário. Sua utilização apresenta evidências inconclusivas ou não denota benefícios na redução do quadro álgico. É ainda importante ressaltar que seu uso pelo período de 72 horas provavelmente prolonga as deficiências geradas pela patologia.

Considerações Finais

As RC frequentemente resultam de hérnia discal ou espondilose cervical, sendo uma causa comum de dor e parestesia no membro superior. O exame clínico, estudos radiográficos e eletrodiagnósticos possibilitam uma localização acurada da patologia. Seu tratamento conservador é multidisciplinar e apresenta bons resultados, todavia são necessários mais estudos a este respeito, em virtude de controvérsias observadas na literatura.